segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Vilões para dar e vender

Invade a mente, sempre que nos flagramos assistindo a um telejornal, nesses tempos soturnos, a amplitude da palavra “vilão”. Outrora, precisávamos assistir a algum um filme em busca de um malvado contra o qual torcer, irmanados aos esforços do herói que a trama nos proporcionava. Ou combatê-los nas páginas dos livros, em desenhos animados ou, quando muito, nas seções policiais dos jornais, onde, naqueles tempos, os da vida real se restringiam. Agora, algo mudou. E parece que para pior.
Os dicionários conceituam o termo elencando sinônimos e aproximações como “ordinário, desprezível, infame”. Todos se aplicam, às vezes em conjunto, outras por exclusão, dependendo da figura a quem o conceito passa a designar de forma natural devido aos atos de sua autoria que subitamente emergem das penumbras em que praticavam suas ações vis, as vilanias. O dicionário etimológico que me está sempre à mão explica que a palavra é oriunda do latim, “villanu”, referindo-se aos habitantes rústicos, rudes e grosseiros das antigas vilas romanas. Com o passar dos séculos e o suceder das vilanias, o termo evoluiu (ou involuiu) para o significado que hoje atribuímos a ele.
Um dos mais antigos vilões registrados no imaginário humano é o diabo, sempre combatido pelas forças do bem que, sabemos desde já, para nosso imediato alívio, sairão vencedoras ao final. Elencar uma lista de vilões marcantes (reais e imaginários) a partir daí fica fácil, ao sabor da memória: o Bicho-Papão, a Bruxa Má, a Madrasta da Cinderela, o Lobo Mau, os Irmãos Metralha, o Mancha-Negra, Drácula, o Capitão Gancho, o Coringa, o Duende Verde, Freddy Kruger, Lex Luthor, Hitler, Himmler, Goering, Goebbels, Dick Vigarista, Lady Macbeth, Iago, Heathcliff, Mr. Hyde, Jack o Estripador, Professor Moriarty, Capitão Feio, Lúcifer, Belzebu, Torquemada, Gargamel, João Bafo-de-Onça, a Rainha de Copas, Norman Bates, Calígula, Nero, Darth Vader, Arlequina, Pinguim, Dr. Octopus, Galactus, Hannibal Lecter, Adrian Veidt, Fantômas, o Macaco Louco, Rastapopoulos, a Turma da Zona Norte, Godzilla e tantos, tantos outros.

Ao longo dos tempos e permeando todas as culturas do planeta, os vilões sempre se têm feito presentes, personagens fundamentais a serem combatidos a fim de renovar a esperança humana na preponderância de conceitos positivos e éticos. Pena que, pelo que se tem visto, o Brasil da atualidade vem se credenciando a ser um exportador de vilões capaz de suprir as demandas por vilões do mundo inteiro pelos séculos vindouros. E para combatê-los? Simples: Superamigos, ativar!
(Crônica publicada no jornal "Pioneiro", de Caxias do Sul, em 2 de outubro de 2017) 

Nenhum comentário: