Dia desses, levei meu computador a um profissional
qualificado (membro da família, naturalmente) para que nele procedesse às
devidas formatações, limpezas, becápes (“back ups”, para os puristas), dáunloudes,
atualizações, faxinas e o que mais fosse necessário para que a máquina voltasse
a funcionar condignamente, sem travar, sem desligar de súbito, sem emitir gargarejos
esquisitos, sem brincar de esconde-esconde com textos recém-escritos, essas
diatribes que computadores fazem quando ficam tempo demais longe das revisões e
que exasperam os usuários, normalmente semianalfabetos virtuais, como este
mundano escriba que vos cronica (“eu cronico, tu cronicas”, do verbo
“cronicar”, combinados, madama?). Na volta, ao ligar o aparelho no escritório
doméstico (“home office”, conforme já pactuamos que é mais chique), deu-se a
surpresa.
Devido à atualização de vários programas operacionais,
acabei brindado com um serviço extremamente ágil e competente de previsão
climática, muito mais confiável do que todas as promessas que vinha escutando até
então das moças do tempo em todos os canais televisivos e bem mais prático do
que colocar o braço para fora da janela com a intenção de confirmar se chove ou
se o tempo está firme, como me via obrigado a fazer antes de sair de casa. Agora
viciei no programinha do tempo e consulto-o a toda hora, com o propósito de
verificar se o que ele afirma na virtualidade anda condizendo com a realidade
temporal verificada lá fora. E não é que anda acertando? Estou fascinado.
Meu previsor do clima chega ao ponto de informar como se
dará a variação do tempo de hora em hora ao longo do dia. Agora, por exemplo,
jura que choverá daqui a duas horas. Marquei no caderninho. Daqui a duas horas,
quero ver se haverá chuva. Além do mais, ele me elucida dados que sequer sabia
existirem. Claro, me dá a temperatura e a sensação térmica, me diz a velocidade
do vento e a umidade relativa do ar, mas vai além, explicitando a pressão
atmosférica, o alcance da visibilidade (veja só!) e até o ponto de orvalho! E
ainda conversa comigo, dizendo: “O céu estará nublado. Estará fresco lá fora,
com máxima de 11º C. Haverá chuva durante a manhã”. Quer algo melhor do que
isso?
Outro dia, programei um acampamento no mato para o final
de semana. Familiares e amigos se surpreenderam com minha iniciativa, mas fui
firme: “acamparemos no sábado”! Na noite de sexta, sob chuvas e trovoadas,
cancelamos a programação. Eu sabia há dias que choveria, mas, ao menos, fiz
minha moral com a galera. Nada como estar em sintonia com o seu tempo!
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 11 de agosto de 2016)
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