Gosto de despender certa parte de meu tempo a analisar
tabelas. Algum engraçadinho diria que “vivo pelas tabelas”, mas não chego a
tanto. Mesmo assim, minha experiência demonstra que muito se pode obter em
termos de informações sempre que uma tabela é examinada com o devido afinco e
com predisposição para ir além dos números ali apresentados. Tabelas também
possuem entrelinhas, camufladas aos olhos do observador superficial, mas
prontas a revelar nuances e mistérios aos perseverantes, que navegam o olhar
pelas ondas de mares não explícitos.
Tabelas que sempre consulto são aquelas que demonstram o
desempenho dos times de futebol ao final das rodadas semanais de confrontos.
Tanto a do Gauchão quanto a do Brasileirão recebem minhas visitas semanais e
gasto nelas bons pares de minutos analisando o desempenho do time para o qual
teimosamente torço. E o que se aprende após passar tantos anos observando o
desenrolar de números de gols feitos contra o número de gols sofridos; a
quantidade de partidas vencidas, perdidas e empatadas; a coleção de cartões
amarelos e vermelhos e o aproveitamento dos times? Ora, conclui-se o óbvio: campeonatos
são ganhos por quem joga melhor, vence mais do que perde, faz mais gols do que
leva. Em resumo: por quem se prepara melhor e por quem se empenha mais do que
os outros.
Mesma coisa nas Olimpíadas e seu Quadro de Medalhas. As
obviedades estão ali, escancaradas entre os países amealhadores de medalhas de
ouro, prata e bronze, contra aqueles que só fazem figuração. Interessante
detectar que os protagonistas e os figurantes no Quadro de Medalhas Olímpicas equivalem
aos países protagonistas e figurantes no cenário da geopolítica mundial. Óbvio
que não se trata de coincidência. Detalhe singular: ontem pela manhã, os
ocupantes das oito primeiras posições no Quadro de Medalhas eram exatamente os oito
países protagonistas da Segunda Guerra Mundial: Estados Unidos, Grã-Bretanha,
China, Rússia, França, Alemanha, Itália e Japão. Entre vencedores e derrotados
no conflito, constam ali os países que se reergueram e se reinventaram após
passarem pela pior guerra da História da Humanidade. E se reergueram e se
reinventaram devido ao esforço conjunto de seus povos, calcados na construção
de sociedades baseadas em valores comunitários e cidadãos cujos resultados vão
bem além da boa performance esportiva apresentada pela conquista de medalhas. A
conquista de medalhas tem de se dar no dia a dia dos povos, sabendo enfrentar
com maturidade as suas mazelas, sem molecagens. Molecagem não conquista
medalha.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 16 de agosto de 2016)
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