A
gente vai envelhecendo a aprendendo, não é assim que as coisas são, madama?
Como? “Envelhecendo, quem”? Eu, madama, eu! Calma! Estou me referindo a mim
mesmo, abaixe essa sombrinha! Estava apenas tentando encontrar na senhora uma
interlocutora para um início de tetxo mais filosófico, para passar a impressão
de que, apesar de reconhecidamente mundano, o cronista aqui também cultiva lá
seus momentos de reflexão profunda sobre as nuances da vida e deseja
compartilhar o fruto de suas observações. Pois veja bem.
Compartilho
então com a madama minha surpresa ao descobrir, a partir de meandros
indecifráveis pelos quais as mais estapafúrdias informações me chegam, que
hoje, 25 de julho, é o Dia Fora do Tempo, conforme o Calendário Maia. A senhora
sabia disso? Não? Tampouco eu, madama, mas, mesmo assim, tenho o prazer de,
pela primeira vez em minha decana vida, desejar a alguém um feliz Dia Fora do
Tempo, e desejo-o à senhora, madama! Não, madama, não desejo a senhora; é “à senhora”,
com crase. Mas vamos adiante, senão, essa crônica afunda no atoleiro dos
mal-entendidos e não temos tempo nem espaço para firulas, mesmo estando a
vivenciar este inusitado Dia Fora do Tempo maia.
Apresso-me
e explico, pois que já vislumbro o fim do texto logo abaixo. Os maias
habitaram, séculos atrás, áreas da Colômbia e de outros países da América
Latina, gerando uma civilização adiantada em vários aspectos, entre eles, a
astronomia, criando calendários precisos de medição da passagem do tempo. O ano
solar maia era medido pelas fases da lua, dividido em 13 ciclos lunares de 28
dias, o que perfazia 364 dias. Era necessário mais um para fechar os sabidos
365 e esse dia era conhecido como o Dia Fora do Tempo. A transposição do
calendário maia para o calendário gregoriano utilizado pelos europeus colonizadores
das Américas (e que usamos até hoje) fez com que esse dia especial coincidisse
com o nosso 25 de julho. Hoje!
Qual
o significado desse dia? Os maias consideravam o Dia Fora do Tempo como um
convite para refletir sobre a existência das coisas, do universo e de si mesmo
frente à vida. Dia dedicado a reciclar propósitos, pensamentos, decisões. Dia
para a meditação pessoal, para deixar de lado um pouco o correr inexorável do
tempo e vivenciar uma experiência fora dele. Difícil fazermos isso imersos nas
demandas de uma sociedade moderna que vive a era da informação, da correria, da
falta de tempo. Mas não custa tentar parar a ampulheta uma horinha que seja, em
homenagem à sabedoria dos antigos maias. Tempo é bem mais do que dinheiro.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 25 de julho de 2016)
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