Lancei livro novo no sábado
passado, em Caxias do Sul. Diversas pessoas foram até o local, movimentar o
evento de lançamento. Recebi o abraço e o carinho de muitos amigos e
conhecidos. E também fui alvo do prestígio de desconhecidos, leitores
interessados diretamente no teor da obra (livro de resgate histórico dos primórdios
da formação de Caxias do Sul). A maioria das pessoas que dedicaram algumas
horas de sua manhã de sábado para ir ao encontro do autor e sua nova obra aproveitou
para adquirir o livro e nele receber um autógrafo do escritor. Daí que eu
fiquei cá pensando.
O livro estava sendo vendido a
preço promocional de lançamento a módicos R$ 30,00. Ainda no início daquela
manhã, no trajeto de casa até o local de lançamento (a saber, o Arquivo
Histórico Municipal João Spadari Adami, situado na Avenida Júlio de Castilhos, 318,
bairro Lourdes), estacionei o carro em um posto de gasolina, para evitar ficar
sem combustível no meio do caminho, já que, desde a véspera, o sensor no painel
acendia a luzinha, indicando estar o nível já perigosamente na reserva. Parei
ao lado da bomba, meti a mão na carteira, conferi os trocos e identifiquei ali
exatamente R$ 30,00, o suficiente para garantir meus deslocamentos imediatos.
Não quis abastecer mais do que isso porque os procedimentos com pagamento em
cartão me consumiriam minutos que eram preciosos. Mais tarde, voltaria lá e
completaria o tanque.
Mandei, então, enfiar dentro do
tanque de gasolina de meu carro o equivalente, em combustível, ao valor do livro
que em breve eu iria lançar: R$ 30,00. Com esse montante, adquiri cerca de 7,5
litros de combustível, o suficiente para ir até o Arquivo, cumprir minhas
tarefas de escritor até depois do meio-dia, rumar a um restaurante e almoçar e
retornar para casa no meio da tarde. Oba! Uma vez que meu automóvel consegue oferecer
um desempenho de consumo equivalente a 12 quilômetros por litro rodando na
cidade, poderia antever uma autonomia de 90 quilômetros a serem percorridos com
o livro que meti dentro do tanque. Minha rotina diária me obriga a percorrer
esse montante em três dias.
Sendo assim, posso dizer que
consumo um livro meu a cada três dias rodando pela cidade de carro. Aí que
fiquei pensando sobre esses R$ 30,00 que compram 7,5 litros de gasolina ou um livro dos meus. Com
a gasolina, abasteço meu automóvel e transito pela cidade. Com o mesmo valor,
adquiro um livro (qualquer livro, em média), abasteço minha alma e viajo o
mundo, através dos tempos, sem sair do lugar. É: sou mais feliz comprando
livros do que gasolina.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 27 de junho de 2016)
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