terça-feira, 7 de junho de 2016

Papo quente à beira da chapa

A amiga leitora, se me permite uma perguntinha aqui no intervalo do sapeco desse punhado de pinhão sobre a chapa quente... A amiga leitora sabe me dizer, assim, de pronto, quem foi o inventor do fogão a lenha? Hein? Não sabe? Tudo bem, não se ourice, a pergunta era apenas retórica, não precisa já ir se queimando. Economizemos calor para outras coisas, que hoje o frio está de lascar. Seus conhecimentos gerais não estão em teste aqui e nem poderiam, pois que a uma modesta crônica mundana não se permite tamanha pretensão, como a de querer testar os saberes e des-saberes de seus leitores. Pinhãozinho?
Mas, assim, então, amiga leitora, falando em coisas elevadas... A senhora sabe quem inventou o foguete que levou o homem a pisar na Lua? Um cientista, né? Isso, a senhora está esquentando... A resposta, madama, a sua resposta está ficando quente. O quê? Está esquentando mesmo? Mas sai de tão perto do fogão, mulher; puxa a cadeira de palha e vai mais pra lá! Isso! Então, sabe? Sim, era norte-americano o tal cientista, verdade. Naturalizou-se, porque, antes, era alemão. A senhora está afiada nessas coisas lunáticas, parabéns! Como é? Lembrou até o nome dele? Como era, então, madama, compartilha com a gente. Werner Von Braun! Isso mesmo! A senhora sabia que sabia! Foi só questão de ir aquecendo as ideias!
Pois, falando em aquecer... Pinhãozinho, madama? Falando em aquecer, a senhora lembrou - agora que está com a mente atilada - quem foi o inventor do fogão a lenha? Ainda não... Que coisa... O quê? Se eu sei? Não, eu não sei não, madama, que é isso? Não passo de um cronistinha mundano. Perguntei por imaginar que a senhora soubesse. Afinal, se até o nome do inventor do foguete a senhora sabe, poderia ser que, também, né... Pinhãozinho?

É que eu fico aqui pensando que a gente é esse bicho estranho, mesmo, né, madama. Sabemos tanta coisa que não nos diz respeito e ignoramos parte daquilo que faz a diferença em nosso dia-a-dia. Ou a senhora pretende um dia viajar até a Lua? Não, né, até porque, lá é frio que chega a doer e nunca soube de astronauta voltar dizendo ter avistado fogão a lenha por aquelas desolanças lunares. Um grupo de marcianos dentro de uma cratera comendo pinhão na chapa de um fogão a lenha na Lua, que acha, madama? A gente ia voando até lá se juntar a eles, não ia? Ao menos, o nome do inventor do foguete a gente saberia dizer para se escalar na viagem. Já o nome do criador do fogão a lenha... Vai que fosse necessário saber para ser admitido na cratera dos marcianos? Acho bom estudarmos melhor esse caso. Pinhãozinho?
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 7 de junho de 2016)

Nenhum comentário: