Neste final de semana, fiz uma
coisa que há tempo eu não fazia. Acompanhei pela televisão, do começo ao fim, a
uma partida da Seleção Brasileira de Vôlei Masculino em jogo válido pela Liga
Mundial, que está rolando no Rio de Janeiro. Brasil e Estados Unidos em quadra.
Eu sequer sabia os nomes de nossos atletas. Agora sei os de alguns, devido à
alta performance demonstrada por eles. A partida se estendeu até a uma e meia
da madrugada de domingo e me segurou ali, ligadão, torcendo e sofrendo.
Sofrendo, não, pelo contrário. Torcendo e vibrando, porque havia motivos de
sobra para torcer e vibrar, independentemente do resultado final, aliás, favorável
ao Brasil, já que vencemos por três sets a um.
Vencemos e convencemos. O Brasil
jogou bem. Muito bem. Deu gosto sofrer por cada bola, a cada lance. Mesmo
quando o ponto era do adversário, percebia-se que a bola havia sido disputada
de igual para igual. Ficou nítido que nossos atletas do vôlei treinam a sério.
Treinam. Treinam. Treinam. Ficou nítido também que a Seleção Brasileira de Vôlei
Masculino é composta pelos melhores jogadores existentes no país, e não por aqueles
impostos por interesses empresariais e de marketing. Ficou nítido que ali, na
quadra, quem impera é o amor pelo esporte e não pelo dinheiro, pela fama, pela
celebridade gratuita. Ficou nítido que ali ainda existe garra genuína. Coisa
que se perdeu em alguns dos esportes mais queridos pelos brasileiros, como o
futebol e a Fórmula-1, modalidades que aprecio muito e às quais, há anos, não
dedico mais a preciosidade de meu tempo.
Quando entra em campo a Seleção
Brasileira de Futebol (masculino) ou é dada a largada a uma corrida de Fórmula-1,
peço licença e vou para outro canto ler um livro, que eu ganho mais. Bem mais.
Já a seleção Brasileira de Vôlei Masculino, essa agora merece a minha atenção
pelo tempo que for necessário. Porque ali não há engodo. Porque ali não tenho a
impressão de estar sendo ludibriado por impostores. Não gosto de impostores. Não
gosto de impostores no futebol, nem na Fórmula-1, nem na política, nem no
mercado de trabalho, nem nas artes, nem no convívio social. Tenho asco a
impostores. Descobri, dia desses, que existe uma doença raríssima, conhecida
como Síndrome de Capgras, que atinge apenas 0,00001% da população mundial (1,3
mil pessoas) e que consiste no seguinte: a pessoa que sofre dela olha para
todos a seu redor e acha que são impostores. Do jeito como anda o Brasil, tenho
a impressão de que esse índice tende a aumentar. Quem nos redime ainda é a Seleção
Brasileira Masculina de Vôlei.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 20 de junho de 2016)
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