Sou um devotado fã do som oriundo
do instrumento musical conhecido como saxofone. Adoro escutar um saxofone.
Quando bem tocado, então, acho melhor ainda. Solos de saxofone me conquistam
mais do que solos de guitarra, ousaria eu escrever, caso não contivesse a frase
uma perigosa incongruência, porque, convenhamos, gostar de saxofone é uma
coisa, mas querer meter o sax em tudo, também, não dá. Solos de guitarra têm
seu valor, especialmente quando inseridos em uma faixa de rock. Keith Richards,
se estiver lendo, balança a cabeça em absoluta concordância, aposto. Mas Keith
e os demais Stones não abrem mão da presença do músico Bobby Keys em sua banda
de apoio, pois que ele traz o sax e tece solos fantásticos no meio de uma que
outra composição.
Sim, um bom sax tem o seu valor.
Acho que meus ouvidos começaram a ter sua atenção atraída ao instrumento devido
a um disco (LP em vinil) que meus pais possuíam e botavam a tocar no aparelho
três-em-um lá em nossa casa na Rua dos Viajantes, em Ijuí, na distante década
de 1970, que abrigou parte de minha infância e adolescência. Lembro até da
capa: fundo azul com uma estátua em primeiro plano e um enorme saxofone
sobreposto à imagem. Faço uma nostálgica busca google e lá está o disco, achei!
Trata-se de “Reverie en Sax”, disco do saxofonista italiano Fausto Danieli, pseudônimo
de Fausto Papetti (1923 – 1999). O que levou Papetti a manter seu Fausto e trocar
o sobrenome? Não encontrei explicação. Nem para isso e tampouco para a razão
que o levava a inserir fotos de belas moças seminuas na maioria das capas de
seus discos. O universo do sax acalenta segredos insondáveis, creio eu.
Insondáveis e fascinantes. Tanto
é assim que alguns dos maiores escritores e intelectuais do mundo moderno são
apaixonados pelo instrumento e dedicados praticantes. O escritor gaúcho Luis
Fernando Verissimo é um deles. O cineasta norte-americano Woody Allen é outro.
Eu, mero cronista mundano, longe de ser intelectual e tampouco músico, me
restrinjo a admirar o instrumento e a procurar por sua aparição nas músicas que
aprecio (as faixas do Kid Abelha, por exemplo, são repletas dessas surpresas,
por conta do George Israel). Seguindo as pesquisas, descobri que o saxofone foi
inventado na metade do século 19 por um belga chamado Adolphe Sax. Daí o nome.
Viram só? É nessas horas que se percebe como a História é sábia. O mundo tem
sorte de eu não me meter a tocar saxofone. E mais sorte ainda de eu não ter
inventado nenhum instrumento. Quem iria querer tocar um kirstofone?
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