segunda-feira, 28 de março de 2016

Enquanto isso, na Bobolândia...

Um fato muito curioso que está em pleno andamento há muitas semanas na Bobolândia vem merecendo as atenções da imprensa internacional devido ao inusitado da coisa. Não é de hoje a geração contínua de fatos curiosos e insólitos naquele longínquo país situado entre as fronteiras do Afeganistão com a Nova Zelândia, todos já estão carecas de saber, mas é que esse em específico está dando mais pano para manga do que o usual.
Vale lembrar que a Bobolândia é uma nação cuja população se divide em dois grupos fundamentais: os Espertitos, que costumam levar vantagem em tudo e se aproveitar da ingenuidade alheia; e os Bobobos, ingênuos e crédulos, reiteradamente explorados pelos primeiros devido à sua passividade e à mania de agirem como boiada, sem refletir nem pensar no que fazem. Pois bem. Quem me conhece sabe que tenho parentes que moram lá e me enviam relatos exclusivos sobre o que se passa por aquelas plagas. São primos distantes ao quadrado: distantes porque moram longe e distantes porque o cruzamento dos galhos de nossa árvore genealógica já se perde no passado.
Mas, por mais distantes que sejam, seguem sendo primos e é por conta deles que sei da paixão que aquele povo nutre pelos esportes, em especial o futebol, o que os aproxima muito de nosso próprio país (há vários outros quesitos de inter-relacionamento, outra hora falo deles). Já é tradição a partida anual que ocorre entre a Seleção Espertita e a Seleção Boboba, certame que reúne os principais jogadores representantes de cada facção nacional. Porém, este ano, algo estranho está acontecendo e a partida já dura vários meses, sem vislumbre de que chegue a um desfecho.
Isso porque, dessa vez, cada uma das seleções decidiu levar algumas dúzias de seus próprios árbitros para atuarem na partida, o que vem gerando intermináveis conflitos a cada bola que sai pela linha de fundo, a cada choque entre zagueiro e atacante, a cada bola que entra na rede. É gol para quem chuta, não é para quem leva. É escanteio para quem ataca, mas é linha de fundo para quem defende. É falta para quem cai, não é para quem mete o pé. O lance é o mesmo, porém, os batalhões de árbitros puxam as sardinhas para os assados dos times que representam e o impasse está estacionado em campo, definitivamente e por tempo indefinido. As regras do jogo são claras, claríssimas; valem (na teoria) para todos, mas não adianta, tudo vira uma questão de interpretação tendenciosa por parte de cada árbitro do certame. Que fazer?

Ninguém sabe. Já tem quem pense em começar a torcer pelos gandulas. Aguardo novos informes em breve.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 28 de março de 2016)

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