Tem quem acredita e tem quem não
acredita. Isso, referente a tudo na vida: Deus, Céu, Inferno, vida depois da
vida, amizade entre homem e mulher, político honesto, Papai Noel, dieta da lua,
ida do homem à lua, humor regido pela lua, Elvis não morreu, privacidade na
internet, Clube Bilderberg, homeopatia, alopatia, lisura nos sorteios de
loterias, a primazia do ovo sobre a galinha, fantasma, alma penada, Monstro do
Lago Ness, previsão meteorológica, livros do Paulo Coelho, Inri Cristo, Coelhinho
da Páscoa, Bicho Papão, Garibaldo, cronistas mundanos, cura pelas alfaces, a paz
no mundo, essas coisas.
As pessoas costumam se dividir
em dois grupos opostos quando entra em cena algum dos temas acima citados (e
também todos aqueles outros milhares não citados por absoluta falta de espaço e
imaginação do autor): os que acreditam e os que não acreditam. E daí está posta
a celeuma. Empurram-se argumentos um contra o outro, na tentativa desesperada
de, ao mesmo tempo, calar o oponente, sobrepujá-lo com sua visão de mundo, não
dar ouvidos às suas visões de mundo, consolidar sua própria crença (ou
descrença), falar mais alto, convencer a si mesmo de sua própria sagacidade e,
por fim, dar o assunto por encerrado, convicto de que venceu a discussão e
desvendou algum dos (até então) insondáveis mistérios da humanidade.
Isso é assim, bem o sabemos.
Porém, se analisarmos com mais cuidado, perceberemos a existência de alguns
subgrupos quando a questão é a crença ou a descrença em fatos que a ciência não
comprova categoricamente. Há também o grupo dos que desejam acreditar. Esses
são os céticos não-convictos, aqueles que ficam com um pé atrás mas não ousam
desacreditar por completo, a fim de evitar surpresas na hora “H”. São os
apregoadores da máxima “não creio em bruxas, mas que elas existem, existem”.
Eles acham mais prudente manter o ar de descrença superior em relação a alguns
desses temas, porém, permanecem abertos a acolher evidências, por tênues que
sejam, que lhes convençam do contrário.
É assim em relação aos discos
voadores e à vida extraterrena inteligente. Eu acredito desacreditando e não
acredito acreditando. Afinal, neste mês de janeiro faz 20 anos do caso do ET de
Varginha, fato que traumatizou a população da pequena cidade do interior de
Minas Gerais em 1996 e que até hoje não está bem explicado. Algo aconteceu lá.
Exatamente o quê? Vai saber...
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 21 de janeiro de 2016)
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