quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Big Brother Pinguim

Em tempos de nova edição do Big Brother Brasil (a incrível e inimaginável 16ª edição), o assunto que vou abordar a seguir reveste-se de importante véu de relevância (sim, porque, no Brasil, o país do BBB, tudo o que tenha referência ao programa, a partir do momento em que outra edição se inicia, passa a ser da maior relevância, como bem sabemos). Vamos falar dos pinguins da Antártida. Que cara de espanto é essa, madame? Acha que pirei na mandioquinha? Ah, mas isso já faz tempo que sim, nem preciso confessar. Mas siga lendo que a senhora vai se surpreender.
Eu não gostaria de ser um pinguim na Antártida. Assim como também não gostaria de ser um participante do BBB. E se não sou um participante do BBB é porque, na condição de pessoa em plena posse de minhas faculdades decisórias, decidi jamais enviar vídeo meu dançando axé de sunga para a produção do programa a fim de ser avaliada minha potencialidade como “brother”, o que garante minha ausência em qualquer edição do programa televisivo mais amado do país de Machado de Assis. Agora, se não sou pinguim na Antártida, isso não se dá por decisão pessoal e sim por uma dádiva da Natureza, que me fez gente no Brasil (apesar de, no meu país, o BBB estar na sua 16ª edição, mas isso é um detalhe que os pinguins da Antártida no precisam ficar sabendo).
O que me faz não querer ser pinguim na Antártida com a mesma intensidade com que não quero ser um participante do BBB são as dezenas de câmeras que os cientistas instalaram em certa região lotada dessas aves lá nas friagens do chamado Continente Gelado. Ao todo, são 40 câmeras fotografando tudo (mas tudinho mesmo) que a pinguinzada faz, da manhã à noite, em uma determinada comunidade de pinguins, com a intenção científica de descobrir de que maneira o aquecimento global está influenciando na vida da tchurma. Então é assim: se o pinguim resolve dar um mergulho gelado, a câmera fotografa ele; se o pinguim decide tirar uma soneca sobre um iglu, foto nele; se o pinguim corre atrás da pinguina, a coisa fica registrada; se o pinguim bate bico com o outro pinguim, instantâneo da peleja.
Em resumo, foi-se a privacidade que ainda parecia resistir no mais longínquo recanto do planeta. Não dá mais nem para pensar em ser pinguim na Antártida. Desisto, hoje de noite vou assistir ao BBB. Parece até que já houve eliminação na casa. Viu, madama? Não sou assim tão alienado...

 (Crônica publicada no jornal Pioneiro em 28 de janeiro de 2016)

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