segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Vou aprender cingalês

Como vem fazendo há anos, a ONU divulgou, agora em dezembro (sempre o faz em dezembro), a atualização do ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) das 188 nações analisadas sob este prisma no planeta. O Brasil, como sempre pouco aplicado, perdeu uma posição na tabela, caindo de 74º para 75º lugar. Algum leitor mais otimista poderia argumentar que tudo vai bem, afinal, estamos melhores do que 113 países. Sim, mas fomos ultrapassados pelo Sri Lanka. A senhora sabe onde fica o Sri Lanka, madame? Pois é, mas, em todo caso, lá vive-se melhor do que aqui.
Mas também não é justo que sejamos de todo pessimistas. Apesar de perder uma posição (e para o Sri Lanka... Como? Eu já havia dito isso? Não, madame, implicância alguma contra o Sri Lanka, pelo contrário. Minha implicância é doméstica, mesmo). Mas, apesar de perder uma posição, o Brasil até que melhorou sua nota geral no IDH, passando em um ano de 0,752 para 0,755. Note-se que, quanto mais perto de 1,0, melhores as condições para se morar no país analisado. A gente melhorou um pouquinho, mas os que estavam acima de nós melhoraram mais e o Sri Lanka, ah, esse deu uma esticada na reta final e nos ultrapassou, conforme parece que eu já disse aí em cima. Nossa melhoradinha não foi suficiente para evitar a ultrapassada pelo Sri Lanka, país asiático pequeninho também conhecido como Ceilão (Ceilão a senhora conhece, madame?).
O IDH é medido levando-se em conta quatro fatores: esperança de vida ao nascer; expectativa de anos de estudo; média real de anos de estudo e renda nacional bruta per capita. Há 74 países no mundo em que esses índices são melhores do que os nossos, sendo a Noruega em primeiríssimo lugar (por 12 anos seguidos) e, desde agora, o Sri Lanka na nossa frente. A capital do Sri Lanka é Kotte, mas a cidade mais populosa é Colombo. A população do Sri Lanka é de cerca de 22 milhões de pessoas e eles falam duas línguas oficiais lá no Sri Lanka: cingalês e tâmil.
Como é, minha senhora? Se eu estou pensando em me mudar para o Sri Lanka? Ainda não, pois não sei sequer dizer “água” em cingalês. Mas nunca digo “desta água não beberei”. E não há de ser difícil, uma vez que as duas línguas constam na lista do Google Tradutor. Já estou treinando, afinal, deve ser mais fácil aprender cingalês do que ver o Brasil fazer suas lições de casa.


(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 21 de dezembro de 2015)

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