segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Carta a Marte

Oliver é um garotinho britânico esperto. Ele tem cinco anos e, como muitos outros garotos de sua idade, sonha em se tornar astronauta quando crescer. Eu acalentava o mesmo sonho quando tinha os meus próprios cinco anos, no longínquo e distante século passado. Quando nasci, aliás, o homem ainda não havia pisado na Lua, mas o fez apenas três anos mais tarde e a televisão preto e branco lá de casa serviu de ponto de encontro para os adultos que, junto com meus pais, queriam assistir ao vivo à façanha de Armstrong, Collins e Aldrin a bordo da Apollo 11.
Eu, provavelmente, naquele momento histórico, dei de ombros e fui ao meu quarto brincar com uma girafa de plástico e com um porquinho de pano. Mas cresci e, a exemplo de Oliver, passei a sonhar em ser astronauta, viajar em cápsulas espaciais, desbravar novos mundos, conhecer seres extraplanetários, viver em órbita e no mundo da Lua. Disso tudo, consegui concretizar somente o projeto de viver no mundo da Lua, mas deixemos isso pra lá e voltemos a Oliver, o menininho britânico de cinco anos que quer ser astronauta.
Ele quer tanto que, preocupado desde já com questões práticas referentes a seu projeto, enviou ao serviço postal britânico um questionamento sobre quanto custaria enviar uma carta para o planeta Marte. O incrível é que o garoto teve sua pergunta respondida, semanas mais tarde. Depois de questionar a Nasa, o serviço postal britânico concluiu que o valor para enviar uma carta ao planeta vermelho chegaria a 11,6 mil libras, ou cerca de 65,6 mil reais. Frente ao montante literalmente astronômico, Oliver, garoto sensato, desistiu do projeto, respondendo aos correios que “enviar uma carta a Marte era, mesmo, muito caro e, além do mais, acabaria faltando selos”.

Uma lástima, afinal, em primeiro lugar, alguém lá em Marte vai ficar sem receber missivas de Oliver, seu amigo terráqueo que tanto quer se comunicar. Segundo, não ficaremos sabendo o que Oliver tinha de tão importante a comunicar a Marte. Mas ele ainda é novinho, é capaz de viver o suficiente para ver a rede wi-fi chegar ao planeta vizinho e poder enviar e-mails. Não desista de seus sonhos, Oliver.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 7 de dezembro de 2015)

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