sábado, 21 de novembro de 2015

Você vê o que você quer

Ela sofre preconceito praticamente desde o momento em que veio ao mundo. Sempre que alguém pretende passar recibo de inteligente, põe-se a falar mal dela. Sob esse viés, apreciá-la parece significar que a pessoa opta deliberadamente por andar mal acompanhada, não lhe sendo passível atribuir a desculpa da inocência. Mesmo assim, ela é praticamente ubíqua e sua presença quase unânime na maioria dos lares do planeta. Por isso mesmo, exerce forte influência sobre a cultura e o comportamento de todos, quer a amemos, quer a execremos, quer pretensamente a ignoremos. Tão significativa ela é que ganhou até um dia mundial específico em sua homenagem. Este 21 de novembro é o dia dela. O Dia Mundial da Televisão.
Falar mal da televisão é o mesmo que falar mal da internet, falar mal das redes sociais, falar mal do sal, do açúcar, da imprensa, dos políticos, do Silvio Santos. Falar mal da televisão é reduzir o aparelho e a grade de programação das emissoras ao conceito pré-estabelecido de que nada relativo a isso presta ou possui algum valor. Reducionismo e preconceito, por si só, são as sementes a partir das quais brotam frutos mais perigosos como a intolerância, a política do ódio e do ataque gratuito. Cuidado, portanto. Eu gosto de televisão. Não tenho nada contra. Como sou grandinho, sei selecionar os programas que me interessam e assisto a eles, naqueles momentos em que me disponho ao relax ou à absorção de algum conteúdo que me seja culturalmente produtivo. Mas essas são as minhas escolhas pessoais, elas dizem respeito a mim mesmo e não posso medir o restante da humanidade a partir do tamanho da minha régua.
O que me causa mal estar ao assistir é o crescimento do preconceito, da intolerância, da política do ódio e da agressividade giratória gratuita camuflada sob a equivocada bandeira da (discutível) inteligência. Isso, sim, me faz preferir estar fora do ar.
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Neste sábado, das 13h às 16h, estarei ali na Galeria Municipal de Arte Gerd Bornheim (junto à Casa da Cultura, na Rua Dr. Montaury, 1.333), autografando meu mais novo romance, intitulado “A Sombra de Clara”, obra vencedora do Prêmio Açorianos de Criação Literária. Na data, o livro será vendido ao preço promocional de R$ 20,00 (depois, custará R$ 25,00). Espero a amiga leitora e o prezado leitor lá.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 21 de novembro de 2015)

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