terça-feira, 20 de outubro de 2015

Três no pódio

A semana começou com o pé direito, já com uma notícia boa e alvissareira vinda do balanço geral feito pela organização da 31ª Feira do Livro, que se encerrou domingo após 17 dias de debates, livros, livreiros, escritores e leitores transitando pela Praça Dante Alighieri. À parte a crise econômica que também se refletiu na queda das vendas de livros (41% a menos do que na edição do ano passado, o que não é pouca coisa), a parte boa ficou por conta da presença significativa dos autores locais na lista dos títulos mais vendidos este ano: dos dez mais procurados, três são escritores daqui. Bom, hein?
Eternamente campeã de vendas em qualquer feira literária, a Bíblia naturalmente também está na lista, ocupando uma das posições, até porque, ninguém vai ser desavisado a ponto de querer competir com o Autor desse atemporal best-seller. Sobram, então, nove posições a serem preenchidas por escritores terrenos e mortais e, entre elas, um terço ficou com os locais. Foram eles: Felipe Gremelmaier, com seu “Ora Bolas”; Pedro Guerra, com “Queda Livre” e o Patrono da Feira deste ano, Uili Bergamin, com “Cadê a Tampa?”. Juntos, os três venderam mais de 600 exemplares, o que é significativo em tempos de crise e também em uma época em que se fala tanto na (discutível) crise de leitores de livros impressos.
O campeão de vendas foi “O Diário de Um Banana”, de Jeff Kinney, best-seller mundial que, sozinho, vendeu quase mil exemplares aqui na nossa Praça. Compreensível, haja vista o poder da mídia em que se ampara. Por outro lado, os nossos três escritores locais cujas performances foram excelentes possuem a seu favor tão-somente o poder de fogo de seu próprio talento e de sua dedicação à escrita e ao mundo da literatura, aprimorando seus textos e protagonizando os processos de formação de leitores, desenvolvendo atividades literárias junto à comunidade. Colhem, assim, os merecidos frutos de seu esforço e passam uma rasteira na batida máxima de que santo de casa não faz milagre. Aqui, em Caxias, faz, sim.

Ponto também, e com estrelinha, para os leitores caxienses, que sabem reconhecer a qualidade existente na literatura produzida por escritores de verdade que moram na vizinhança de suas próprias casas. Aqui, em Caxias, se escreve bem e se lê bem também. Os números provam o que dizem as letras.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 20 de outubro de 2015)

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