sábado, 17 de outubro de 2015

O meme de Angicos

Andam rindo, aí pelas plagas das redes sociais (não, madame, eu escrevi “plagas”, mesmo, sinônimo de “região”, mas a senhora tem razão na confusão, pois, em se tratando de questão relacionada às redes sociais, poderia muito bem este metafórico cronista estar usando o termo “pragas” a fim de desqualificar alguma típica baboseira que nelas transita, mas não é o caso, apesar de, pensando bem, talvez vir a ser mesmo o caso, acompanhemos o desenrolar do texto para ver no que é que vai dar). Dizia eu, mesmo...? Ah, sim, mas no segundo parágrafo, que este aqui já ficou tijolaço.
Andam rindo, aí pelas pragas das redes sociais (opa, agora me enganei, mesmo, eu queria escrever “plagas”, mas façamos assim: cada leitor aplica o termo que achar melhor , tanto “plagas” quanto “pragas”, que ambos se encaixam no contexto do que vai ser discutido, e, de lambuja, aprofundamos o exercício da construção comunitária e democrática da crônica). Mas andam é rindo do povo da cidade de Angicos, no interior do Rio Grande do Norte, que esta semana entrou em pânico ao confundir um drone com um disco voador. Pois é, viraram meme nas prag... quer dizer, nas redes sociais os áudios de angicanos (será assim?) apavorados, testemunhando o sobrevoo da assustadora máquina desconhecida, cheia de luzinhas piscantes, certamente proveniente de outro planeta, a confirmar a chegada do final dos tempos com a descida de ETs esverdeados e repletos de más intenções. Mas o disco voador não passava de um simples drone, utilizado por uma empresa para fazer o levantamento fotográfico aéreo de determinada área. Foi o que bastou...

Só que não tem graça nenhuma a confusão e o desespero vivenciados por alguns dos moradores de Angicos. Primeiro, porque o ritmo das evoluções tecnológicas hoje é tão alucinado que ninguém está livre de, às vezes, ficar com a impressão de que é o único peixe fora d´água (conheço gente que não sabe anexar arquivo em e-mail, por exemplo) e acabar pagando mico de vez em quando. Segundo, porque, uma vez que não se tratava de disco voador coisa nenhuma e tampouco de invasão marciana, tanto os moradores de Angicos quanto o restante de nós teremos de seguir nos apavorando mesmo é com as barbaridades e descalabros cometidos pelas más intenções dos humanos daqui da Terra. E isso não tem graça nenhuma.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 17 de outubro de 2015) 

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