terça-feira, 28 de julho de 2015

Lá vai o Halley

O Cometa Halley está em periélio, e que diabos significa isso, e por que razão uma coisas dessas, seja lá o que for, é motivo para crônica, há de perguntar a senhora leitora, o senhor leitor, e eu, então, explico, antes que seja tarde demais, se bem que, em se tratando de assuntos astronômicos, tarde e cedo são conceitos relativos, mas tudo bem, tudo bem, calma, largue esse chinelo e sente-se que já explico. Comecemos pelas partes e depois unamo-las para a compreensão do todo, pode ser assim? Ótimo, vamos lá, o parágrafo seguinte será mais elucidativo, perseveremos.
O Cometa Halley é um astro celeste, um cometa, descoberto pelo astrônomo britânico Edmond Halley (1656 – 1742) em 1696. É um cometa (sabe as estrelas cadentes que a senhora, o senhor e eu víamos em nossas infâncias cruzando os céus à noite, naqueles tempos em que as pessoas gostavam de dirigir os olhos aos céus à noite, diferentemente de hoje, em que os olhos à noite se grudam nas telas de televisores, smartphones, computadores e ipads – pois algumas estrelas cadentes são cometas) periódico, que faz uma elipse (sua trajetória) em torno do Sol, passando pela Terra a cada 75 anos, pouquinho mais, pouquinho menos. A última vez que deu as caras por aqui foi em 1986, quando eu tinha 20 anos de idade, e lembro da euforia que vivenciei para observá-lo com meu binóculo.

Pois o Cometa Halley está hoje, dia 28 de julho de 2015, em periélio, ou seja, está, dentro de sua trajetória pelo Sistema Solar, cruzando o mais próximo possível do Sol, lá longe, a milhões de quilômetros daqui. Já sabemos o que é o Cometa Halley e que ele está em periélio. Ainda temos algumas poucas linhas para exercitar a crônica, vamos lá. O Cometa Halley deve retornar às proximidades da Terra no ano de 2061, ou seja, daqui a 46 anos. Se estiver ainda vivo e andando por essa Terra, terei 95 anos de idade quando colocarei meus olhos nele outra vez. Para isso, bastará, além de estar vivo, ter ainda a visão em boa forma, porque o resto eu garanto, uma vez que não abandonei e não abandonarei jamais o hábito de observar o céu à noite, atrativo que ainda exerce sobre mim fascínio bem maior do que as telas dos ipads e smartphones. Eis aí a crônica. E agradecido por abaixares o chinelo...
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 28 de julho de 2015)

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