terça-feira, 16 de junho de 2015

Profissões na mira

Ponho-me a passear por um site de notícias na internet e não resisto à tentação de ler uma que traz projeções futurísticas a respeito de profissões que podem estar com os dias contados devido ao avanço irrefreável da tecnologia. Tem muita bobagem nesse tipo de pseudomatéria, basta ver as previsões feitas no início desse século, dando conta de que em apenas dez anos os livros desapareceriam do mundo por causa dos e-books, e olha só o que (não) aconteceu: os livros seguem aí, felizes e garbosos atulhando as prateleiras das livrarias, tão pouco lidos quanto antes, mas, ainda assim, presentes.
Mas abro a tal matéria e lá vou eu espiar a lista de cinco profissões que, dizem, vão desaparecer em breve, quem viver, verá (verá a tremenda bobagem ou, quem sabe, a confirmação da profecia, vai saber). A primeira da lista é a profissão de carteiro, que pode sumir devido ao processo de automação dos registros de correspondência. Aham. Como vai ser? Robôs vão apertar o interfone de meu apartamento para entregar a carta registrada e vão conferir na carteira de identidade se eu sou eu mesmo? Certo, certo. Carteiros, durmam tranquilos, ok? Depois vêm os caixas de banco. Nisso eu acredito, pois de fato os caixas automáticos e o atendimento por internet estão cada vez mais eficazes. Mas daí vem a atividade de juiz de futebol, que poderia desaparecer devido ao uso da tecnologia. Ah, me poupem. Não é uma máquina que vai ser capaz de decidir se foi ou não foi falta. As mães dos árbitros podem dormir tranquilas, que seus filhos têm emprego garantido por muito tempo ainda.
Em quarto lugar, vêm os operadores de telemarketing, que serão substituídos, esses sim, por robôs, o que, na prática, não faz diferença nenhuma, já que isso eles sempre foram. Não muda nada. Caixas de supermercado também correm o risco de desaparecer, devido ao processo de automatização dos processos de compra e pagamento. Certo, nisso eu acredito. Mas o que ninguém fala é sobre as profissões que já faz tempo deixaram de ser exercidas por profissionais da área habilitados, como políticos (cadê os de verdade, que atuam em nome do bem comum?), jogadores de futebol (os pernas-de-pau tomando o espaço dos talentosos), atores (modelos, cantores, subcelebridades e afins poluindo as telas) e assim por diante. Farei uma lista...

 (Crônica publicada no jornal Pioneiro em 16 de junho de 2015)

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