quinta-feira, 28 de maio de 2015

Sai da frente

Paris e Londres, duas das principais capitais do mundo, são cidades centenárias, milenares, na verdade, opulentas em tradição, cultura, história, charme e civilização. Ricas em atrativos turísticos, têm suas calçadas, ruas, avenidas, bulevares e parques apinhados de gente vinda de todo o mundo, todos os dias, o tempo todo. Como também são o centro financeiro e político dos países e do continente aos quais pertencem, agregam ainda as atenções e a presença de seus próprios cidadãos, o que as transforma em áreas urbanas ultrapopulacionadas, os forasteiros acotovelando-se com os “locais”, a profusão das línguas, dos usos e dos costumes moldando Babeis modernas, vibrantes, pulsantes, repletas de vida: o sumo da civilização ocidental.
Isso tudo agregado a um trânsito de veículos proporcionalmente intenso. Na verdade, Londres e Paris, assim como todos os grandes centros urbanos do mundo moderno, são cidades cujas ruas estão atopetadas de automóveis, táxis, ônibus de linha e de turismo, trens, motocicletas, bicicletas, taxi-bikes e congêneres, disputando palmo a palmo o asfalto em busca de movimento, do ato de deslocar-se, tão representativo dessa Era dos Transportes que vivemos desde o início do século passado. E o que acontece nas ruas dessas duas capitais do mundo é o mesmo que se dá em um brete de fazenda ali nos Campos de Cima da Serra, quando a peonada enfileira a boiada toda, um boizinho atrás do outro no cabresto, a fim de vacinar ou marcar o gado: bicho demais para espaço de menos, e entrevero, na certa.

Sim, tem entrevero também no trânsito da elegante e luminosa Paris e na charmosa e vibrante Londres. Igualzinho ao que acontece aqui em Caxias em dias de chuva, em dias de neblina, em dias de sol e em dias de neve. Igual no entrevo, sim, mas diferente no comportamento dos motoristas, que acabam fazendo toda a diferença. Isso porque, lá, os motoristas transitam calma e maduramente no trânsito engarrafado. Vão indo conforme o fluxo permite, sem nervosisminho adolescente, sem cortar a frente do outro, sem forçar, respeitando as regras de trânsito. Já aqui, em uma sociedade formada por adultos com comportamento infantil, inconsequente e irresponsável, até mesmo estar parado no engarrafamento representa risco. Amadureceremos? Façam suas apostas.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 28 de maio de 2015)

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