terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Gandaia na sala

No Carnaval, tudo pode acontecer. E não é preciso ser folião de carteirinha para saber dessa lei máxima que rege os dias de festejos comandados por Momo. Até porque, folião que se preze não sai para a folia portando carteirinha, objeto que saltará de seu bolso logo aos primeiros gritos de olê-olê-olê-olá, ainda mais aqui nessa nossa terra em que os bolsos não seguram nada, desde butiás até fiorini.
Caxias está vivenciando um período em que a união de iniciativas privadas e ações públicas vêm convergindo no resgate da folia a céu aberto e dentro dos salões, movimentos que já foram tradicionais na cidade em épocas passadas e que justamente deixaram saudades. Blocos divertidos e bem organizados tomam as ruas, atraem multidões cada vez maiores e rapidamente começam a se tornar tradições modernas, em especial o Bloco da Velha, organizado pelo pessoal da Livraria e Café Do Arco da Velha desde 2011, que já inspira seguidores como o novo Bloco da Ovelha, surgido este ano. Esta terça-feira à noite presenciará a primeira edição do Carnaval Interclubes, reunindo em um mesmo ambiente os foliões associados de três das mais tradicionais agremiações sociais da cidade: Recreio da Juventude, Clube Juvenil e Recreio Cruzeiro, resgatando das cinzas o antigo glamour da folia clubística. As escolas de samba caxienses levaram sua emoção e seu brilho este ano ao novo palco ao ar livre na Rua Plácido de Castro, preparada pela Prefeitura para o evento, e deram show.

Já eu assisto a tudo isso do camarote do sofá da minha sala e aplaudo as iniciativas. Porém, não arredo o samba do meu pé de cima do tapete, por uma pura questão de inércia carnavalesca pessoal. Mas isso não impediu várias pessoas de jurarem terem me visto domingo à tarde esbanjando rebolado em frente ao trio elétrico que animou a festa do Bloco da Velha, onde eu juro que não estava. Quer dizer... Quem sou eu para afirmar alguma coisa nesses dias de folia momesca... Quero crer que eu não estava, mas também não boto minha mão no fogo. Podem é ter visto alguém fantasiado de mim, de bermuda e abadá, sambando alegremente. Mas eu mesmo não estava. Se estava, fui fantasiado de outra pessoa e não contei a ninguém, nem a mim mesmo. Vai saber... No Carnaval, tudo pode acontecer...
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 17 de fevereiro de 2015)

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