sexta-feira, 21 de novembro de 2014

O Ovni era um Vant

Que sem graça: o Objeto Voador Não-Identificado (Ovni) que sobrevoou a região de Santa Maria na madrugada da última quinta-feira foi plenamente identificado. Ele tem nome, número de série, pertence à Força Aérea Brasileira e, se formos mais a fundo, é capaz até de ter RG, CPF e conta bancária. De não-identificado, portanto, não tinha nada e, de parentesco com um disco voador, somente a sensação que causou nos santa-marienses insones que filmaram as luzinhas coloridas que piscavam no céu.
Bastou as imagens ganharem as redes sociais para que, poucas horas depois, um comandante da Base Aérea de Santa Maria viesse a público explicar que o tal objeto se tratava de uma aeronave não-tripulada pertencente à Base, conhecida como Vant (Veículo Aéreo Não-Tripulado). Os Vants, equipados com câmeras, são usados para monitoramento aéreo. Vai saber o que o Vant estava monitorando àquelas horas da madrugada, mas, enfim, o mistério está desfeito: não era disco voador, não vinha de outra galáxia para estudar a raça humana e nem para fazer contatos imediatos. Nada disso.
Em que pese a frustração dos ufólogos e dos aficionados por ETs, fico eu cá pensando por que diabos haveriam de vir até aqui, provenientes de lá das funduras do espaço exterior, objetos voadores construídos por seres extraterrestres a fim de investigar na surdina o que andamos nós, terráqueos, fazendo por essas baixezas terrenas? Ora, em concordando que os tripulantes dos discos voadores são seres muito, mas muito mais evoluídos do que nós, e mais inteligentes, é de se supor que eles há muito tempo já sacaram qual é a nossa e, se forem mesmo espertos, já nos largaram de mão.

Para que insistirem em continuar vindo até aqui com seus aparelhinhos piscantes apenas para comprovar que, entra século, sai século, continuamos os mesmos bárbaros egoístas, competitivos, violentos e atrasados de sempre? Isso eles já estão carecas e verdes de saber. Deve haver coisa mais interessante do que nós para investigar pelo universo afora. A nós resta seguirmos nos maravilhando com as luzes de um prosaico Vant cruzando as madrugadas...
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 21 de novembro de 2014)

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