terça-feira, 18 de novembro de 2014

Apenas sonhos

Fosse eu jogador de futebol, não teria dúvidas: meu sonho seria fazer um gol de bicicleta. Mas não um gol de bicicleta qualquer (perdão, perdão, em se tratando de gol de bicicleta, nenhum pode ser classificado como “qualquer”, têm razão, leitores), e sim um gol de bicicleta que resultasse em virada histórica em partida decisiva para o meu time conquistar título há muito perseguido. Para ser consagrado pela torcida, penetrar para a eternidade dentro do coração de cada torcedor, ter estátua erguida na entrada do clube, ganhar placa (gol de placa, pois não?). Esse seria meu sonho, na condição de Marcos, o artilheiro.
Agora, se eu fosse compositor musical, meu sonho seria outro. Meu sonho seria conseguir criar uma canção que tivesse um refrão maravilhoso, que enchesse de boas sensações a alma de quem a escutasse e acabasse se transformando em hino de toda uma geração. Que inspirasse milhares de versões posteriores nas vozes de vários outros cantores, que figurasse nas coletâneas das melhores canções do século, que embalasse o início de romances, que fosse trilha sonora obrigatória nos momentos de felicidade de cada um. Esse seria o sonho do compositor Marcos.
Se eu fosse cientista, sonharia em descobrir a cura para alguma doença. Se ator de cinema, sonharia em protagonizar um papel que fizesse jus à arte dramática. Se bailarino, sonharia com a perfeição da leveza. Se eu fosse astrônomo, passaria as noites em meu observatório, olhos grudados nos telescópios, singrando estrelas e sonhando com a descoberta de um planeta habitado com vida inteligente, mas tão inteligente e generosa que fosse capaz de ensinar a nós, terráqueos, a suprema inteligência do convívio em paz e harmonia. Se eu fosse astrólogo, sonharia com conjunções astrais que emanassem poderosas vibrações positivas que envolvessem toda a Terra.

Ah, antes que eu me esqueça. Se eu fosse meteorologista, sonharia com uma semana inteirinha de acertos totais nas previsões do tempo, sem nenhum erro sequer, vaticinando chuva em dias em que chovesse e sol nos dias ensolarados, certinho, certinho. Isso sim, seria minha maior consagração pessoal! Mas são sonhos, só sonhos...
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 18 de novembro de 2014)

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