segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Reserva para Rosemar

Tudo bem, tudo bem, errar é romano, já diziam a meia boca os povos subjugados pelo poder do conquistador Júlio César. Ou ainda, “herrar é umano”, na brincadeirinha gráfica que se tornou meme impresso antes mesmo do advento da internet. Erros são erros, convivemos com eles e o desafio que nos cabe é sabermos aprender com os deslizes que cometemos e, especialmente, exercitarmos a tolerância com os equívocos praticados pelos nossos semelhantes.
Só que existem algumas mancadas que conseguem nos tirar do sério ou, no mínimo, nos deixar boquiabertos durante alguns segundos de pasmo. Assim se sucedeu noite dessas, por exemplo, quando telefonei a um restaurante a fim de fazer a reserva de uma mesa para o jantar, dali a alguns dias. “Alô, por favor, eu gostaria de fazer a reserva de uma mesa para sábado à noite”, disse eu, do lado de cá do aparelho. “O que foi que o senhor disse?”, perguntou a moça, do lado de lá da linha, já de cara entendendo lhufas do que eu tentava comunicar.
Repeti a frase, com as mesmas palavras e, dessa vez, fui rapidamente compreendido. “Sim, pois não, certamente que podemos lhe reservar uma mesa para o sábado à noite. Como é o seu nome?”, prosseguiu ela, com gentileza. “Marcos”, respondi eu, com firmeza e certeza. “Rosemar??”, tascou ela, para minha grande surpresa. “Rosemar??”, pensei eu, na exata fração de segundo em que ela pronunciou aquele nome que não era, nem de longe, nem de rima, o meu. “Mas como pode alguém confundir Marcos com Rosemar?”, fiquei a refletir, na fração seguinte ainda do mesmo interminável segundo de perplexidade.

Sim, porque seria perfeitamente compreensível que a dita moça confundisse, por exemplo, “Juliana” com “Sebastiana”, ou “Adriano” com “Fabiano”, ou “Rosemar” com “Valdemar”, ou até “Saionara” com “Sinara”, ou ainda “Rosana” com “Silvana”, ou quem sabe até “Milton” com “Nilton”. Mas tomar meu “Marcos” por “Rosemar” foi mar, quer dizer, foi mal. Resultado? Cancelei a reserva. Vai que eu chegasse lá com meus convidados e não houvesse mesa alguma reservada em meu nome. E não conheço nenhum Rosemar para levar comigo, por via das dúvidas...
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 13 de outubro de 2014)

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