Agora, sim, as centenas de
exemplares de livros que habitam as prateleiras de minha casa estão em festa
desde manhã cedinho. Hoje, 29 de outubro, é o Dia Nacional do Livro, a data
tendo sido escolhida para homenagear a fundação da Biblioteca Nacional,
ocorrida em 1810.
O Brasil passou a contar com uma
Biblioteca Nacional por iniciativa do rei D. João VI, que instalara a Corte
Portuguesa em solo brasileiro em 1808, fugindo da perseguição de Napoleão
Bonaparte, o francês que derrubava monarquias pela Europa. Depois de dois anos
por aqui, D. João sentiu saudades de seus livros e mandou vir de Portugal a
Real Biblioteca Portuguesa, que chegou de navio em 29 de outubro de 1810 e com
cujo acervo fundou-se, então, a Biblioteca Nacional. D. João VI, aliás, que
gostava de ler, foi também responsável pela criação no Brasil da Imprensa
Régia, logo em sua chegada, em 1808, quando então o Brasil finalmente começou a
publicar livros. Nos primeiros três séculos desde o descobrimento, livro só
aparecia por aqui se fosse importado, vindo de navio, mareado e salgado.
O primeiro livro publicado no
Brasil pela Imprensa Régia foi o longo poema intitulado “Marília de Dirceu”, de
autoria do escritor lusitano Tomás Antônio Gonzaga (1744 – 1810). Nele, o autor
canta sua paixão pela jovem camponesa brasileira Marília, de quem fora noivo,
e, desde então, o livro consta na lista dos mais reeditados de todos os tempos
no Brasil. Por sinal, é em homenagem à obra e à sua musa inspiradora que a
famosa cidade paulista recebeu o seu nome.
Assim que, dessa forma, temos o
dia de hoje como data especial para rendermos homenagens aos livros, aqui no
Brasil, esse país enorme que sabe realizar eleições democráticas, que gosta de
futebol, que é bonito por natureza, que beleza, mas que ainda tem pela frente
todo um universo da leitura e da literatura a desbravar. Que a data de hoje
possa ajudar a aproximar um milímetro a mais os livros do cotidiano dos
brasileiros, para assim ir diminuindo a goleada que andamos levando em termos
de educação frente ao restante do mundo, desde sempre.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 29 de outubro de 2014)
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