Estamos calvíssimos de saber que
quem sobrevive são aqueles que demonstram melhor capacidade de se adaptar ao
meio. Trata-se de uma lei natural que rege os destinos dos seres vivos desde
que se sabe da existência de vida no mundo. E como o cenário externo é mutável,
sobreviver significa não só capacidade de se adaptar ao meio mas,
principalmente, possuir também destreza para acompanhar o ritmo das mudanças.
Melhor ainda é conseguir se antecipar a elas.
A história do mundo é repleta de
páginas destinadas a elencar criaturas que não souberam se adaptar às mudanças
do meio e, por isso, acabaram sendo extintas. Que o digam os tigres
dente-de-sabre e os gliptodontes. Mesmo entre os seres da mesma espécie,
sobrevivem os indivíduos que se viram melhor nos 30. A girafa de pescoço mais
alto conseguirá comer as folhas mais nutritivas do que a girafa de pescoço mais
curto, e aumentará suas chances de sobrevivência. A zebra veloz escapará do
ataque da leoa faminta, que optará por devorar a zebra manca.
Assim também se dá em diversas
outras áreas da existência, como nas profissões, por exemplo. Quem não sabe se
adaptar à evolução da sociedade, acaba sendo extinto. Não faz muito sentido
insistir em fabricar rodas de carroça desde o advento dos veículos automotores.
Ou fabricar disco de vinil na era da música digital. Máquinas de escrever são
peças de museu no mundo dos computadores pessoais. Alfaiates são raridades na
sociedade das roupas industrializadas feitas em tamanhos padronizados.
É preciso estar atento para não
acabar ficando atolado em conceitos que rapidamente vão sendo engolidos pelo
ritmo alucinado das mudanças. Loja que não atende bem ao cliente acaba
consolidando a opção pelas compras por internet, que ganham cada vez mais
terreno. Bares, cafeterias e restaurantes que não oferecem wi-fi ao público vão
acabar vendo essa clientela migrar para a concorrência. Prestador de serviço
relaxado vai ser riscado da lista de opções da freguesia. Até ônibus
intermunicipal oferece filminho a bordo, internet, jornal, bolachinha e água de
graça, para fidelizar seu público.
Hoje em dia, só vira parceiro de
dinossauro quem insiste em permanecer cego ao mundo.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 29 de setembro de 2014)
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