quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Batman na sala

O Batman está lá na sala desde sábado à noite, quando foi esquecido embaixo do pufe por meu afilhado, que apagou no colo da mãe pouco depois de se lambuzar com algumas fatias de pizza. Na hora de ir embora, o mutirão para arrebanhar os brinquedos trazidos junto não contou com a participação do adormecido João Vitor, o único que sabia do paradeiro do vigilante mascarado, a transformar momentaneamente o pufe da sala em batcaverna.
Batman está aqui a nos fazer companhia desde então, esperando a hora de retornar ao convívio de seu legítimo dono, o que deve ocorrer nos próximos dias. Ontem ainda, ao puxar uma das cadeiras da mesa de jantar, pisei em algo que fez “quick” e era um carrinho de borracha representando personagem de um desses novos desenhos animados. Agora está lá ao lado de Batman, engrossando o kit de brinquedos a serem devolvidos.
Lembrei-me do ex-prefeito Mario David Vanin (1941-2011), que gostava de relatar a festa que fazia quando recebia a visita dos netos em casa aos finais de semana. Depois disso, passava os dias seguintes se deparando com brinquedos perdidos no banheiro, debaixo do travesseiro, sob o tapete da sala, por tudo. “De onde menos se espera, salta um bonequinho”, dizia. Quem tem neto, sabe. Quem tem afilhado, também.
Mas o Batman de meu afilhado provou ter serventia prática além de ficar adornando o topo da televisão da sala, que foi onde eu o pendurei a fim de estar à vista para ser lembrado no próximo encontro familiar (se eu lembrar do Batman, lembrarei também do carrinho de borracha que ficou enfiado dentro da caixinha dos controles remotos). Ontem foi dia da vinda da faxineira. E qual minha surpresa, à noite, ao perceber que Batman não estava mais sentado em cima da tevê, mas, sim, emborcado de cabeça para baixo na caixinha dos controles, espremido contra o carrinho.

Significa que Batman foi tirado de lugar pela faxineira, e significa que ela, sim, limpou o pó de cima da tevê, conforme tratei de verificar ao recolocar Batman em seu devido lugar. Bonequinho útil, esse daí. Não sei se volta. Semana que vem, antes da nova faxina, pendurarei Batman em outro lugar estratégico...
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 4 de setembro de 2014)

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