quarta-feira, 17 de setembro de 2014

A beleza da juíza

Mas tchê, te falo em mulher bonita essa juíza de Livramento que não se deixou abater pelos atos de vandalismo dos intolerantes bárbaros e preconceituosos que tacaram fogo no CTG. Sem se intimidar, ela conseguiu celebrar o casamento do par de lésbicas, no sábado passado. A cerimônia de casamento coletivo, que uniu 28 casais (27 de pares heterossexuais e um par homossexual), teve lugar no Salão do Júri de Livramento, mesmo. E pronto, a lei foi cumprida.
Quem queria casar, casou. Casaram porque se gostam e desejam construir vida juntos. E puderam casar porque vivemos em um país regido pelas leis, e a lei brasileira permite que as pessoas se casem entre si. Basta que para isso possuam os requisitos necessários e não haja impedimentos legais. E o fato de serem do mesmo sexo não é mais um impedimento legal. Ou seja, se as moças (ou moços) se gostam e querem casar, a lei brasileira permite que casem. É um grande avanço no sentido de abrigar na forma da lei o mais nobre sentimento que um ser humano pode nutrir pelo outro: o amor, independentemente do gênero da pessoa amada.
Viva a lei. E vivam os juízes que a fazem vigorar na prática no cotidiano da sociedade, enfrentando com coragem o preconceito, o barbarismo, o atraso, a fúria, o medievalismo de quem julga o mundo a partir da pequenez de seu próprio umbigo e não consegue admitir a riqueza das diferenças. Linda, a juíza Carine Labres, que não se intimidou com o vandalismo dos covardes retrógrados que tentam passar recado sem mostrar a cara. Linda porque tem determinação no que faz, porque sabe que é preciso fazer a diferença atuando na profissão que escolheu para sua vida (jornalista tem de fazer a diferença, encanador tem de fazer a diferença, professor tem de fazer a diferença, bombeiro, costureira...). Linda porque tem consciência de que a batalha contra todos os tentáculos da intolerância é uma batalha que se luta no dia a dia, com as armas do debate, do exemplo e das atitudes. Linda, a juíza.
Como? Se ela é loira ou morena? Branca ou negra? Alta ou baixa? Jovem ou idosa? Não sei, mas que é um exemplo de beleza humana, ah, isso é.

 (Crônica publicada no jornal Pioneiro em 17 de setembro de 2014)

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