quarta-feira, 2 de julho de 2014

O meio do ano

Bem-vindo, leitor, à metade do ano! Exatamente hoje, 2 de julho, deixamos para trás 182 dias já transcorridos desde que recebemos com espumante e espocar de fogos a chegada de 2014 e temos, pela frente, até 31 de dezembro, mais 182 dias a serem percorridos. Sendo hoje o 183º dia do ano, estamos vivenciando o exato meio do ano. Se estiveres lendo este texto ao meio-dia, estará então, leitor, encravado no epicentro do meio do dia do meio do ano, sacas tu?
Pense assim: vivendo e acordando mais um lote de 182 dias iguais aos que já passaram desde 1º de janeiro, atracarás em 31 de dezembro, quando novas garrafas de espumante estarão a gelar no freezer e o céu límpido e claro de dezembro – lembram, disso, céu sem nuvens, sem cerração, com estrelas, aquelas coisas que acontecem em dezembro? – estará pronto para ser colorido pela surpresa radiante das cores dos fogos de artifício que saudarão a chegada de 2015. Ahhh... 2015... ano desprovido de Copa do Mundo, desobrigado de campanha eleitoral... somente 182 dias nos separam de ti, 2015, um ano trivial e singelo como tantos outros de nossas existências.
É claro que somos torcedores natos da Seleção Brasileira de futebol e um ano com Copa do Mundo, ainda mais sediada no Brasil, se transforma em efeméride a ser saboreada com dedicação por todos nós aqui nascidos. E, sim, somos cidadãos conscientes de um país que lutou para conquistar a democracia e temos orgulho em exercitar nosso direito e dever cívico participando ativamente das campanhas eleitorais e afluindo às urnas para elegermos nossos dignos representantes. Assim, um ano de eleição, como este 2014, reveste-se também de uma aura de suma importância que sabemos valorizar.
Mas, isso posto, não dá para negar que, encerrados nossos esforços de brasileiros torcedores e de cidadãos participantes da vida política (sim, porque nós, brasileiros, torcemos pela Seleção só quando ela entra em campo e, paralelamente a isso, julgamos que nosso dever cívico se resume ao ato de depositar o voto na urna a cada par de anos), vamos receber de braços abertos um aninho singelo, despretensioso e modesto como 2015, que se nos apresenta logo ali, ao dobrar da esquina, só 182 dias à frente.

E já que passa voando, é melhor ir tratando de gelar aquele espumantezinho brut rosé, para não ser pego de surpresa na hora “h” da virada, pois não? Sim, o prevenido morreu de velho, e, num piscar de olhos, já é depois de amanhã. Feliz meio do ano!
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 2 de julho de 2014)

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