terça-feira, 8 de julho de 2014

Um pão de queijo

Ah, um cafezinho no meio de uma tarde gelada, acompanhado por um redondo,  quentinho, dourado e saboroso pão de queijo! Tem coisa melhor? Bom, pensando em termos absolutos, claro que daria para elencar algumas dezenas de coisas melhores do que um irresistível pão de queijo a aquecer um estômago vazio no meio de um dia de trabalho, ou ainda no início da manhã.
Mas a pergunta é apenas retórica e a resposta certa, para fins de efeito estético deste texto, é você concordar com a intenção do cronista e dizer “não, não existe no mundo nada melhor do que um pão de queijo em um cenário como o que você descreveu, amado cronista” (a expressão “amado cronista” decorre aqui da necessidade irrefreável de afago ao ego que este que vos escreve estas mal traçadas linhas, ao sabor de pães de queijo, necessita receber em doses cavalares, ficando, portanto, optativa ao critério dos leitores, estes sim, todos indiscriminada e democraticamente amados pelo colunista). E já que agora, quando chegamos à metade do texto, entramos em concordância e compartilhamos a concepção de que nada há no mundo (por ora) melhor do que um pão de queijo quentinho e coisa e tal, passa a soar razoável que façamos aqui uma justa homenagem aos padeiros, esses abnegados trabalhadores anônimos tão fundamentais para a manutenção de um dos aspectos mais triviais e fundamentais de nosso cotidiano.
Sim, porque hoje, 8 de julho, é o Dia do Padeiro. Levando-se em conta que a humanidade consome pães há seis mil anos e que o pão de queijo, em específico, levando-se em conta todo esse cenário histórico, é invenção recentíssima, é preciso que teçamos loas à criatividade gastronômica que invade sazonalmente o âmago de alguns desses profissionais, instando-os a criarem essas pequenas pérolas alimentares que preenchem de sabor nossas bocas e nossas almas. Meus sinceros parabéns, portanto, aos padeiros em seu dia, especialmente por proporcionarem às nossas mesas essa variedade inesgotável de sabores a partir de pães como o d´água, de centeio, integral, francês, baguette, sírio, de forma, de leite, de mel, preto, sovado, de milho, de forno, assado na palha e tantos outros.

Não fossem os padeiros a produzirem esse tão básico e vital alimento, não conseguiríamos, nós, escritores, forjarmos as figuras de linguagem que unem o alimento do corpo com o do espírito, tentando elevar nossos escritos à categoria de produto vital como o é de fato e inegavelmente o pão. Todos convidados, então, a brindarmos, com uma tacinha de expresso e um pão de queijo, ao Dia do Padeiro, ali no café da esquina.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 8 de julho de 2014) 

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