segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Fechando o tempo

Estou revoltado. E faz tempo. E revoltado exatamente com o tempo. Não com o tempo cronológico, esse passar das horas que vai enrugando minha pele e esbranquiçando os meus cabelos, me deixando cada vez mais velho. Não, com isso não. Tá, um pouquinho também com isso, admito, mas o foco da revolta hoje é outro. É com o tempo meteorológico. Na verdade, minha revolta é contra a meteorologia. Contra a previsão do tempo. Eu não acredito em meteorologia, e isso é o que me revolta.
Não acredito na capacidade que os meteorologistas alegam ter de conseguirem prever com antecedência de dias o comportamento do clima. Não me venham dizer hoje, segunda-feira, que daqui a três dias, na quinta, vai chover. Admitam: vocês não têm capacitação para tanto. E não é culpa ou incompetência dos meteorologistas, em cuja boa-fé e esforços eu acredito e admiro e respeito. Trata-se apenas de admitir que nós, seres humanos, ainda não alcançamos uma tecnologia científica capaz de oferecer o serviço a que a meteorologia se propõe.
Em resumo: a previsão do tempo é tão científica quanto as profecias de Nostradamus. Deveríamos, aliás, rebatizar a coisa como profecia do tempo, e não previsão. Dia desses, dei-me ao trabalho de acompanhar o andamento da página do tempo nos jornais. Na segunda-feira, os meteorologistas previam não só o comportamento do clima ao longo do dia, como também já se adiantavam em dizer o que iria acontecer no restante da semana. Pois que, assim, na segunda, preconizavam sol para terça e chuva de quarta a sexta. Muito bem. A terça, no entanto, amanheceu com chuva. Já a página meteorológica do jornal na terça, afirmava que sim, choveria no dia (ontem, dizia que faria sol) e que haveria sol de quarta a sexta, desdizendo totalmente a previsão da semana do dia anterior. Tá, mas e aí? Qual das páginas está valendo?

Sem falar no aplicativo de meteorologia baixado em meu tablet. Ele faz a mesma coisa: (des)prediz o (mau) comportamento do clima para a semana toda, e ainda ousa afirmar o estado do tempo em tempo real. Só que dia desses, aquele solzão de fritar formiga no paralelepípedo lá fora, o aplicativo tentava me convencer de que chovia! Foi o cúmulos nimbus! Excluí o aplicativo e liguei para minha sogra. “Não, Marcos, amanhã não chove”, disse ela. E não choveu. Não, ela não é meteorologista. A ciência dela chove vida mesmo.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 16 de dezembro de 2013)

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