quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Esforço humano

Tenho convicção de que a diversidade é o maior patrimônio da espécie humana. Não só não somos iguais uns aos outros, como é exatamente o conjunto de nossas qualidades e defeitos individuais que nos torna seres únicos. Aqueles que amplificam suas qualidades positivas passam à posteridade (tanto os famosos quanto aqueles restritos a seus círculos pessoais) como seres iluminados, que vieram para aprimorar e transformar para melhor o ambiente em que atuam. Já os que se dedicam a exacerbar seus defeitos e maus atributos acabam se caracterizando no campo oposto, ocupado pelas pessoas que fazem do mundo um lugar pior para se viver.
Regras de convívio, códigos morais e de ética, leis e convenções são criados justamente para guiar os indivíduos no caminho visto como o “do bem”, a fim de que a convivência humana possa ser pautada pela fraternidade. Missão inesgotável enquanto existirmos como espécie composta por seres individualizados, cada um representando um universo complexo a coexistir com os demais, tentando equilibrar diferenças, vontades e necessidades.
Sorte nossa quando nos deparamos com seres que optam por fazer a diferença pelo lado positivo de suas personalidades. Azar o nosso quando topamos com os signatários do contrário. Sorte maior ainda quando nós mesmos decidimos moldar nossas biografias a partir das escolhas do primeiro grupo.
Penso nisso nesse período em que tive de recorrer às benesses da medicina para detectar e sanar um inesperado problema de saúde que resolveu me acometer da noite para o dia, sem aviso prévio. Tive sorte, no meio do pesadelo, em cair nas mãos de médico competente, disponível, humano e comprometido com as nuances de sua profissão. Tive sorte porque poderia ter sido diferente, já que não basta um diploma para que haja garantia de bom atendimento. Sabemos que existem médicos e médicos, assim como há jornalistas e jornalistas, empresários e empresários, escritores e escritores, pedreiros e pedreiros, motoristas e motoristas, cabeleireiras e cabeleireiras, pessoas e pessoas.

O que faz a diferença não é o diploma, nem a especialidade, nem a profissão, nem o sobrenome, nem a idade, nem a conta bancária, nem a altura ou a cor dos olhos. O que faz a diferença é o comprometimento de cada um em ser gente que colabora para melhorar a moral da espécie humana. Isso se faz no dia a dia e não requer esforço sobre-humano. O esforço requerido é apenas o humano mesmo.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 22 de novembro de 2013) 

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