sexta-feira, 2 de agosto de 2013

A frase mágica

Vem comigo, imagina a cena. Você está solteiro(a) e em busca de um(a) parceiro(a). Aí você encontra alguém que parece ser uma pessoa bacana, legal, atraente, simpática e mais aquela fila toda de atributos que convencem você a arriscar convidar a tal pessoa para um jantar, a fim de se conhecerem melhor e blá-blá-blá e bli-bli-bli e até, quem sabe, humm, pois bem, vamos ver no que vai dar. Ou não.
Aí você joga as fichas, faz o convite, escolhe um restaurante bacana e a pessoa topa no ato! Opa, bom sinal, a coisa começa promissora. Se você é homem, você se prontifica a pegá-la em casa; se é mulher, espera e aceita que ele o pegue. Se forem homens e mulheres descolados, vão cada um com seu carro e se encontram lá; se forem moderninhos, ele não tem nada contra que ela passe lá e o pegue e, se forem dois estudantes pés-rapados, cada um vai com seu camelo, como na canção aquela. E se forem dois homens, cada um faz como quiser, e, se forem duas mulheres, também, fica por conta de cada uma, que crônica e cronista são desprovidos de preconceitos.
Aí então você já está lá no tal restaurante (ou bar, boteco, lancheria, o que for, porque também ninguém precisa comprometer o salário do mês com essa nossa história aqui), na companhia da tal pessoa-tudo-de-bom, quando ela faz uma observação que o(a) deixa encantado(a). Ela (a pessoa) profere a frase que age como uma chave mágica para flechar o seu coração e fazer você se apaixonar perdidamente por ela (pela pessoa), que acaba de comprovar que é, sim, a pessoa da sua vida.

E o que ela diz? Ora, simples. Ela coloca os cotovelos sobre a mesa, entrecruza os dedos das duas mãos, apoia sobre elas o queixo e, em meio a um doce sorriso, olhando você direto nos olhos, a cabeça meio inclinada, profere: “Fale-me sobre você”. Ora, isso sim, é que é encantador. Ela quer que você discorra justamente sobre o assunto que você mais gosta de falar: você! Você mesmo! E, claro, você não perde a deixa e sai falando, falando, porque você isso, você aquilo, você aquela outra coisa... Ah, mas que pessoa maravilhosa essa, para ter ao seu lado, se tudo o que ela quiser é que você possa exibir a ela o quão interessante, maravilhoso, magnífico e cativante é você mesmo, não é mesmo? Que raridade! Não a deixe escapar! Fisgue essa pessoa e viva feliz para sempre. Você, né... 
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 2 de agosto de 2013)

Nenhum comentário: